Choque de Classes

12 08 2009

CHOQUE DE CLASSES (2004)

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Sinopse

Homem cansado de rotina familiar com a esposa conservadora e com a irmã dominadora dirige-se a cidade para encontrar sua outra irmã, dona de boate, gerando um choque de classes tão divertido quanto surpreendente. Do mesmo diretor de Pauline & Paulette, filme que ganhou o Prêmio Ecumênico Especial do Júri em Cannes em 2001.

Reflexões sobre o filme

O filme trata do choque entre o tradicional e a transgressão do comum. É um olhar não preconceituoso e não discriminativo do diretor sobre o tema.

Tuur, um homem cansado da rotina em que vive, está profundamente mal-humorado no dia de seu aniversário de casamento. Ele tem um relacionamento tradicional, em que a rotina gerou apatia e estagnação. Além disso, o casal acomodou-se à presença de uma irmã de Tuur dominadora, manipuladora e geniosa. É possível que essa irmã também tenha se acomodado à situação.

Em determinado momento, essa incômoda situação gera fato inédito: Tuur resolve sair de casa e procurar sua outra irmã, que vivia situação oposta à dele. Ela sentia-se rejeitada pela família, por ter escolhido viver de forma e em local diferente.

A visita inesperada de Tuur à irmã de quem se distanciara leva essa personagem de volta ao passado, para rever fantasmas familiares. Contente com a presença do irmão, a irmã demonstra que o quer a seu lado, para fazer-lhe companhia e para compartilhar. O contato entre ambos traz novo significado à vida dessa irmã.

Com o afastamento de Tuur, sua mulher, Emma, encontra seu próprio valor, brilho pessoal, força e coragem para viver. Depois que marido e mulher passam pelas experiências necessárias à transformação de cada um, o que confere novo significado a suas vidas, eles se reaproximam de coração aberto. Após o reencontro, seguem juntos, felizes.

A vida seria mais fácil se as mudanças fossem encaradas como desafios e não como tragédias. Mas isso só seria possível se, em vez de culparmos os outros, assumíssemos a vida como destino pessoal criado, muitas vezes, por nós mesmos.

Frequentemente, a rotina, as regras, as normas, os papéis sociais geram estagnação e paralisam os indivíduos. Nessa situação, os sentimentos tornam-se inacessíveis, as sensações ficam entorpecidas e a razão resta embotada.

É comum a insatisfação, as frustrações, as doenças, os transtornos psíquicos ou algum acontecimento levarem-nos a situações de crise, que revira nossos conceitos, preconceitos e paradigmas. A crise nos acorda do torpor e movimenta a vida dentro de nós. A vida parece não suportar a estagnação e a tudo impulsiona em direção ao crescimento e à expansão.

Por Flávio Vervloet