O Poder das Trevas

9 03 2011

Informações Técnicas
Título no Brasil:  O Poder das Trevas
Título Original:  Legend of Earthsea
País de Origem:  EUA
Gênero:  Aventura
Classificação etária: 14 anos
Tempo de Duração: 147 minutos
Ano de Lançamento:  2004
Site Oficial:
Estúdio/Distrib.:  Alpha Filmes
Direção:  Robert Lieberman

Sinopse

Protegido pela Supra Sacerdotisa Thar nas catacumbas de Atuan, o Amuleto da Paz assegurou por séculos em Earthsea o equilíbrio entre humanos e dragões. Agora o futuro não parece tão promissor pois, em decorrência de um ataque do rei invasor Tygath, o amuleto foi quebrado e uma das partes sumiu. A única chance de resgatar a paz se concretiza em um jovem ferreiro e aprendiz de mago chamado Ged. Dos labirintos dos Inominados às câmaras secretas de Earthsea, Ged, a sacerdotisa Tênar e Ogion enfrentarão perigos fantásticos numa jornada mágica para restaurar a Paz e enfrentar o Rei Tygath.

http://www.interfilmes.com/filme_15722_O.Poder.das.Trevas-(Legend.of.Earthsea).html

Para ver o filme: http://filmesmegavideo.net/o-poder-das-trevas-dublado-online/

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Reflexões sobre o filme

Este é o título sugestivo de um filme interessante. Trata-se de um épico que tem lugar num espaço-tempo do tipo “era uma vez” mas que retrata fielmente lutas humanas bem atuais. Batalhas facilmente  observáveis nas politicas interna e externa dos países, nos grandes e pequenos dramas humanos e se formos bem perspicazes, dentro de nós.

Junte os ingredientes: busca pelo poder a qualquer preço, imprudência e impaciência,  medo e coragem, orgulho e humildade e finalmente a busca pela eterna juventude e temos a mistura perfeita de um enredo que prende a atenção até o final. Claro que não podem faltar a mocinha, o herói, o vilão e o amigo fiel.

O filme começa numa pequena vila perdida, não se sabe onde. Um jovem orfão de mãe, quer algo mais da vida do que seguir os passos de ferreiro do pai. Acontece que ele tem mesmo um dom e acaba como aprendiz de um grande mago, à moda antiga, que sugere que ele comece de baixo e vá galgando os degraus do conhecimento, mas o futuro herói é impaciente e quer subir logo, sendo então encaminhado para uma escola de Magia, onde é claro,  vamos encontrar o filhinho de papai pronto a humilhar o insignificante filho do ferreiro sem pedigree. E numa competição de egos, daquelas que todos se envolvem algumas vezes ao dia, nosso filho do ferreiro, pretendente a mago evoca os mortos, e, opa, por engano liberta um poderoso ser das trevas, chamado um dos “inominados”, que passa a persegui-lo.

Ele perde o posto de aluno e passa a fugir do seu algoz.

Paralelamente conhecemos um templo que guarda em seu labirinto subterrâneo a porta de entrada onde os poderes do mal – os inominados – estão trancafiados. Uma venerável sacerdotisa guarda o local e é responsável por passar a sua sucessora as chaves e as palavras rituais que protegem a porta.

Claro que o templo se situa nas terras de um rei sanguinário e autoritário que deseja poder e juventude eternos e vai tentar por todos os meios alcançar seus objetivos.

Nosso herói tem então seu primeiro embate com o poder do mal que liberou e foge apavorado se refugiando junto ao seu primeiro mestre.

O Mestre verdadeiro mostra o caminho e encoraja o pupilo a enfrentar o que teme e ver o que acontece. A única forma de vencer o poder do mal seria saber seu nome e isto ninguém sabe.

O jovem então, já um pouco mais calejado, se conscientiza que precisa assumir responsabilidade por sua vaidade e imprudência e segue em busca do seu destino.

Importante notar que ele não culpou a ninguém ou ficou chorando sua má sorte. Fez o que julgou ser o certo.

Ele então encontra sua missão pessoal que é destruir o poder do mal que inadvertidamente liberou e manter a paz do reino conhecido já que detém metade do amuleto que assegura que todos os “inominados” fiquem onde estão, presos no labirinto do templo.

Vale ressaltar que seu algoz se fortalece a medida que nosso herói o teme e passa a cometer atrocidades pelas quais nosso Herói é responsabilizado.

E não é isso que acontece na vida? Ficamos colocando a culpa de nossa criação fora de nós, por não reconhecermos a parte em nós que cria destrutivamente.

Quando nosso herói, levado pela vaidade, faz bobagem, ele volta e pede ajuda ao velho mago retomando o caminho que é mais longo embora mais seguro. No caminho vai desenvolvendo a força necessária para encarar seus medos e enfrentar o que eles encobrem.

“Se você continuar fugindo, o mal lhe guiará e escolherá seu destino.”

O filme trata sobre a milenar luta entre o bem e o mal. É uma luta travada no nível individual e coletivo. Sendo o coletivo o reflexo da luta interior.

Somos ambiciosos e impacientes e queremos alcançar nossas metas sem precisar pagar o preço devido por elas. Nossas escolhas então trazem consequências e ao assumir responsabilidade por elas vamos galgando lentamente os degraus que nos levam a maior consciência. E quando somos conscientes temos poder de escolha e passamos a criar a partir dessa visão mais ampla, alcançando melhores resultados.

A reviravolta, a mudança de rumo é o momento em que o herói é instruído pelo Mago a passar de perseguido a perseguidor. Pois se gastamos nossa energia fugindo do mal ao invés de enfrentá-lo, seremos vencidos por ele. Mas se nós passamos a persegui-lo… essa é uma investigação interessante. Vejamos o que acontece.

Pois no momento em que nosso herói resolve enfrentar o “inominado” que o persegue ele percebe que temer ou ficar com raiva e rejeitá-lo é que confere força àquele ser e finalmente percebe que o nome do inominado é o mesmo dele. Era uma parte que precisava ser aceita e assim o fez, recuperando o poder contido na sombra. E se tornou inteiro, forte e capaz de levar a cabo sua tarefa frente ao reino: mas, ao invés de manter os poderosos e eternos “inominados presos” ele os libertou surpreendendo a todos. Pois tinha descoberto o segredo da sombra. E então, a paz se fez e foram felizes para sempre.

Quando lutamos contra o mal que está aparentemente fora de nós estamos na ilusão pois, a luta real é travada no interior. Não podemos nos entregar ao medo e sim fortalecer nossa fé com empenho diário e vigilância. A saída não é negar, temer ou se encolerizar contra o mal, mas reconhece-lo como parte de nós tomando posse da energia ali armazenada e que somos nós mesmos em última instância. Não nos tornamos melhores ou especiais, apenas inteiros e isso faz uma grande diferença.

Por Lucia Teixeira Rosa – Regional Distrito Federal





9 – A Salvação

15 01 2011

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Gênero: Animação, Aventura, Fantasia e Ficção Científica
Duração: 79 min.
Origem: Estados Unidos
Estréia 09 de Outubro de 2009
Direção: Shane Acker
Roteiro: Pamela Pettler e Shane Acker
Produção: PlayArte
Censura: Livre
Ano: 2009

Sinopse

Quando o boneco 9 ganha vida, ele se encontra num mundo pós-apocalíptico em que os humanos foram dizimados. Por acaso, encontra uma pequena comunidade de outros como ele, que estão escondidos das terríveis máquinas que vagam pela Terra com a intenção de exterminá-los. Apesar de ser o novato do grupo, 9 convence os demais que ficar escondido não os levará a nada.

Eles devem tomar a ofensiva se quiserem sobreviver e, antes disso, precisam descobrir por que as máquinas querem destruí-los. Como eles saberão em breve, o futuro da civilização pode depender deles.

Fonte da sinopse e ficha técnica: http://cinema10.com.br/filme/9

Para ler mais: Animação “9 – A Salvação” é produzida por Tim Burton – O Globo – http://tinyurl.com/yblax8t

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Reflexões sobre o filme

Um filme de animação com diversão e profundidade. Com muitas mensagens e com muito material para reflexões.

O roteiro é de um futuro assolado por máquinas mortíferas que destroem a humanidade, neste filme, no entanto, há uma mensagem de esperança. A de que se unirmos as diferenças, dentro e fora de nós, criaremos força de renovação e vida. Um filme que pelo que tudo indica é baseado no Eneagrama ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Eneagrama ) que descreve os 9 tipos de personalidade.  Este sistema descreve a queda e a ascensão possível da consciência humana, segundo nove padrões.

Os nove bonecos sobreviventes foram criados a partir dos nove aspectos de seu criador, cada aspecto diferente e complementar aos outros. A máquina também foi criada a partir da distorção e limitações dos nove tipos, e representa a morte e a aniquilação. Vida e morte, construção e destruição, união e separação, dualidades explícitas no filme que aponta a escolha da integração e união como antídoto para o mal.

Há uma fala que se repete muitas vezes no filme “busque na fonte…”. Na fonte está a resposta – no criador, na alma, no espírito do homem.

Ao “pacificador”, o tipo 9, ficou a tarefa de agregar o grupo e levá-los à meta de salvar os integrantes e destruir o monstro. No entanto,   só com a união das qualidades de cada tipo, o 9 pode levar a cabo sua missão. E curiosamente o monstro era movido pela “vida” de cada tipo em distorção. A luta entre os 9 e a máquina lembra o mito do herói enfrentando seus dragões, simbolizando a luta e batalha interior pela supremacia do bem.

Um filme encantador que vale a pena ser visto.  O diretor é Tim Burton, um nome  já bastante conhecido,  dirigiu  “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, “A Noiva Cadáver” e  “O estranho mundo de Jack”, entre outros. Divirta-se e inspire-se.

Por Flávio Vervloet





Ao Entardecer

31 07 2009

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Sinopse
Ann Lord (Vanessa Redgrave) decide revelar às suas filhas Constance (Natasha Richardson) e Nina (Toni Collette) um segredo há muito guardado: que amou um homem chamado Harris (Patrick Burton) mais do que tudo em sua vida. Desnorteadas, as irmãs passam a analisar a vida da mãe e delas mesmas a fim de descobrir quem é Harris. Enquanto isso Ann relembra um final de semana ocorrido 50 anos antes, quando veio de Nova York para ser a madrinha de casamento de sua melhor amiga da escola, Lila (Mamie Gummer). Lá ela conhece Harris Arden, amigo íntimo da família de Lila, por quem Ann se apaixona.

Reflexões sobre o filme
Tema: Envelhecer, Escolhas, Livre-arbítrio

Um filme tocante que reflete a vida, seus acontecimentos, encontros e desencontros, o sentido da vida e de nossas existências.

Quem pode dizer, com certeza, que sempre fez, em determinada situação, a escolha certa ou errada? No momento atual – repleto de incentivos, estímulos e motivação para uma vida feita de escolhas, metas, decisões e alto desempenho –, esse filme, como muitos de seu gênero, questiona essas certezas. Não que não precisemos melhorar nosso desempenho e desenvolver a capacidade de fazer boas escolhas, mas será que podemos atribuir tamanho peso ou gravidade a nossas escolhas? Como viver pesando tudo entre certo e errado ou bom e ruim? Será que todos não desejamos as mesmas coisas, apesar de buscá-las em local e de forma diferente?

Em relação ao filme, quem está certa? A filha que vivia dentro dos padrões usuais de estabilidade profissional, matrimonial e familiar ou a que estava fora desses padrões? Anne, que tinha muitas expectativas na vida e que buscava ser livre para tomar decisões, ou Lila, que, mesmo sem amar, casou-se conforme o movimento e as sequências de acontecimentos de sua vida? Todas as nossas escolhas geram consequências, e é natural que assim seja. Mas como dizer que erramos só por que as consequências são ruins? Será que, de fato, poderíamos ter feito outra escolha? Em caso positivo, será que a teríamos sustentado ou evitado resultados insatisfatórios?

Nossas decisões são tomadas com base em somatório de forças internas e de tendências diversas, que são, muitas vezes, contraditórias. Nossas resoluções, em grande parte, são o resultado da ação da parte interna que mais pesou e tem força em nós. Mesmo querendo fazer a escolha “certa”, pesam, em cada escolha, nossos limites pessoais; crenças sobre a vida, sobre o outro e sobre nós mesmos; experiências pregressas; motivações internas; anseios pessoais; e, ainda, outras forças. Gostaríamos de ter a clareza que nos permitisse optar pelas escolhas perfeitas, e a força que nos permitisse sustentá-las, mas parece que a vida não é assim. Em todas as escolhas, teremos ganhos e perdas. Precisamos nos dar conta de que não há escolhas perfeitas. Portanto, fazer escolhas perfeitas não parece ser parâmetro muito útil. É necessário considerarmos que temos limites pessoais e que nem sempre podemos sustentar a vida com base nas escolhas que fizemos, por melhor que tenhamos escolhido.

Por tudo isso, fica muito difícil dizer que fizemos má escolha ou escolha errada em função de o resultado ter sido diferente do que desejávamos. No filme, a personagem Ann e sua amiga Lila refletem isso. Ann fez escolhas baseada em suas verdades, seguiu essas escolhas durante sua vida e deu o melhor de si. Sua vida foi plena e ela buscou, como pediu a suas filhas, ser feliz. É possível que, no fim da vida, tenha ficado com dúvidas sobre suas escolhas e se ressentido de algumas ações. Talvez na velhice, mais amadurecida pela própria experiência de vida, perceba alguns equívocos em seu discernimento e julgamento e em algumas de suas escolhas. O mesmo aconteceu com Lila. Como Ann, ela também fez escolhas com base em suas verdades e viveu conforme essas escolhas. Deu o melhor de si e sua vida foi, igualmente, plena. A vida de nenhuma das duas foi perfeita, como não o é a de ninguém. Buscamos todos as mesmas coisas: ser feliz e viver em plenitude, e parece que estamos todos a burilar e a aperfeiçoar nosso discernimento. Apesar dos receios, da incerteza e do novo, fazemos sempre escolhas, mesmo ao permanecermos no terreno do velho e do conhecido. O resultado de nossas escolhas dificilmente será perfeito. Mas, mesmo que o resultado não seja o que desejávamos, não significa que erramos, mas que tentamos e fizemos o melhor possível, que somos imperfeitos e que aprendemos na tentativa e no erro, aperfeiçoando o discernimento e a capacidade pessoal.

Outro ponto extremamente importante no filme é a reflexão sobre a culpa. A morte de Buddy muda totalmente a direção da vida de Ann e de Harris, que, presos na culpa, seguem caminhos diferentes dos que pediam seus corações. Se não trabalhamos a culpa, ela pode se tornar tormento e prisão, como no filme e na vida de muita gente. Sem adentrar o campo da Filosofia do Direito, é importante discernirmos o que de fato é nossa responsabilidade e, em cada caso, tomarmos cuidado para não assumir a parte do outro. É comum, nas pessoas muito responsáveis, a tendência à onipotência, a tomar tudo para si. É sempre importante lembrar que, além da sobrecarga que essa atitude gera, tiramos a responsabilidade e o poder pessoal do outro, tornando-o vítima, dependente e incapaz de gerir a própria vida, e passamos a carregar culpas que, muitas vezes, não nos pertencem. É um filme que vale a pena ser visto.

Por Flávio Vervloet